Hoje eu resolvi arrumar as gavetas, haviam muitas coisas fora do lugar, e eu precisava colocar em ordem. Comecei a arranjar as coisas devagar e de repente eu percebi que arrumava também as gavetas do coração. Eu havia me esquecido que esse tipo de arrumação sempre vem carregado de surpresas. Tem sempre uma lembrança esquecida, uma recordação escondida, aquelas que um dia a gente fez questão de esquecer, ou que não tivemos coragem o suficiente para nos desfazer, ou guardamos na esperança de relembrar.
Ou guardamos apenas.
Sem nenhuma intenção.
Junto com os objetos revirei minhas lembranças. E o coração não sentiu nada além de paz. Retirei toda poeira para ter certeza de que aquelas lembranças haviam realmente tornado-se passado. Desses que passou de verdade. Pra ter a certeza de que meu coração estava certo do que sentia. E ele continuou. Quieto, calado. Seguro de si. Não houve nada. Nem mesmo vontade de me desfazer. Foi aí que eu me dei conta. A gaveta do coração se ajeitara por si só. Talvez o tempo tenha dado uma forcinha, talvez eu o tenha feito sem perceber, mas o fato é que agora eu sabia que as coisas, digo, as coisas do coração, estavam realmente em seus lugares.
Devolvi as lembranças às gavetas do coração, deixei tudo como antes, cada coisa em seu lugar. Pedaços de uma história em construção. Retratos do passado que passou, recordação dos caminhos, de uma vida. Lembranças. Fechei . E voltei a arrumar as gavetas, agora aquelas que a gente guarda coisas, não o coração.
Nem me lembre em arrumar gavetas... Tenho adiado a limpeza de algumas aqui! rs
ResponderExcluirMas é exatamente como voce descreveu. Dentro delas a gente sempre encontra surpresas que acabam mechendo com as gavetas do coração. Ai, o sentimento quem vai dizer o que é que vamos realmente sentir...