Passou um tempo até ela acreditar. Até digerir todas aquelas sensações que eram extraordinariamente espontâneas. Era como se nada tivesse acontecido. E talvez não tivesse mesmo acontecido. Não por fora, mas, com toda certeza, algo mudara por dentro. Tudo perecia estar no mesmo lugar. Menos ela.
E ela sabia, mesmo sem saber.
É que é a gente se faz de bobo mesmo sem perceber. Tem mania de não ver. Finge não enxergar.
E se culpa tanto por não encontrar, por não ver outros caminhos, por não encontrar outras saídas.
A gente se acostuma a olhar para fora e fica cego pra ver por dentro. Não há espelho que nos revele.
E é por isso que a gente não se encontra. Porque a gente não se olha. Não como se deve. Com outros olhos. De outros jeitos. Além do espelho.
E era por isso, só por isso que ela talvez não conseguisse entender. Ou não quisesse entender.
É que por tanto tempo estava tão longe e ao mesmo tempo tão perto do que sempre quis.
E agora, ela havia encontrado. De fato, havia se encontrado.
E isso lhe deu um contamento tal, como quem encontra a chave de todos os segredos. Seus segredos.
E era só o que bastava. Tinha , agora, todas as chaves. Da liberdade. Da felicidade. Do seu próprio 'eu'.
Que mais poderia querer?! Nada. Absolutamente nada.
De agora em diante tudo se encaminhava, se encaixava.
É que a única coisa que havia fora do lugar já se ajeitara. Ela.
E foi aí que , ela, percebeu a beleza dos detalhes.
A Moça de tantos sonhos e tantas dúvidas agora se achara.
E percebera que a Felicidade era um mero detalhe.