Inspiração.

Vivo à espera das idéias. Da força que de súbito nasce em mim jorrando sem cessar em forma de palavras. De me surpreender com a imaginação, que às vezes me leva a ser além do que sou. De desvendar o mundo para o qual de quando em quando minha mente me conduz.

Estou sempre em busca da sensação de trasbordamento que  toma conta do meu ser e me traduz nas entrelinhas. À espera das criações do meu subconsciente e dos devaneios do meu inconsciente que se transformam em fragmentos, sinais gráficos da minha imaginação. Das afirmações e dos questionamentos os quais por vezes me fazem extravasar.
Gosto de descobrir certas verdades escondidas, inventadas e escrevê-las. Torná-las parte do meu mundo real. De sentir os refluxos da alma. De ver as idéias fluirem. De ver o imaterial tomando formas, ganhando vida, transmudando-se em letras arranjadas em forma de palavras.
Vivo à espera da idéia. Contínua. Desordenada. Ilimitada. 

Sentir. E ser. Isso me basta.

Não me pergunte quem sou. Não me dêem a difícil tarefa de me descrever, não sei se encontraria em meu vasto vocabulário palavras para definir o que sou.
Na realidade desconheço.
Eu não quero me entender, não pretendo me decifrar.

Perderia toda a graça de me ser.

O que me encanta em não saber quem sou é o mistério. Me excita a quase descoberta da matéria que me constitui. O prazer de desbravar cada pedaço de vida espalhado pelo tempo. Tentar juntar os cacos do que sou.
Gosto de me encontrar no oco de mim, de sentir o sabor desconhecido das minhas sensações. Como provar um fruto até então desconhecido. Descobri o doce e o amargo que existe no meu eu mais profundo. Experimentar ser o que sou. O que não sei se sou.
Sinto o êxtase quando caio no vazio de mim mesma e chego ao âmago do meu ser. Chego a essência. Mas não decifro a matéria. Não vejo.
Apenas sinto o que sou, mas a descoberta cai no largo do esquecimento quando retorno ao meu extrínseco. Quando me perco novamente.
Sou só mistério, matéria oculta e incompreesível a mim mesma.
Se ousasse me revelar talvez deixasse, eu, de existir. Não quero conhecer.
Quero apenas sentir. E ser.
É vasto. E me basta.


Se pudesse entrelinhar seus sentimentos

Sentia-se acuada. Cativa dentro do seu próprio ser.
Queria transformar todos os seus sentimentos em palavras e em fração de segundos esvaziar todo seu coração. Ser livre para poder desnudar-se em versos, sílabas soltas transfigurando suas sensações em palavras sem que nelas não houvessem outra força senão a de libertá-la de seus sentimentos.
Escrever contudo iria sempre mais além. Eram muito mais que letras organizadas em frases desordenadas tentando transcrever um coração. Era como despir-se de si mesma e mostrar-se límpida, íntima, sem pudores. Era como deixar de sê-la. Como emprestar suas emoções, como abrir segredos nunca revelados, guardados, escondidos em um cantinho do coração e que só por vezes era resgatado por armadilhas da lembrança que a mente a sujeitava . Era por fim perigoso mostrar-se tão transparente e revelar sentimentos nem sempre compreendidos. Que de certo seriam mal compreendidos. Por isso escolheu apanhar os sentimentos e guardá-los de vez na caixinha das recordações. Em algum canto de seu coração. Talvez um dia os esquecesse. Talvez não.
Revelar-se era portanto,  um risco o qual preferira não correr.

PAZ.

Busca interminável pela harmonia consigo e com o mundo. Pela sensação de viver livre e leve, sossegado, distante das inquietações que nos perturbam. A paz é um estado de intimidade com o próprio 'eu ' , o silêncio que acalenta o nosso coração fazendo-nos transcender o nosso próprio ser. 
O desejo de calma, mesmo quando o coração está frenético. É poder degustar cada sentimento sem obstáculos. 
Ser livre para sentir.
É a força que supera a guerra, a coragem que sobrepõe-se ao medo. A sensação de estar longe de toda a negatividade.
É sentimento que nos eleva. Vasto. E em todas as suas abrangências, pela lei, pela força, eterna, mundial, interior, ela não acontece, mas nasce e somente pode ser cultivada dentro de cada um. 
Cultivemos, sejamos a paz!


À procura da sensação


Parei. Senti o silêncio. Aventurei uma inspiração.

Fechei os olhos à procura da sensação, à procura da súbita sensação que não se descreve, que apenas se sente e que pouco a pouco sem que se perceba se materializa. 
E assim, enternecida pela sensação me sinto desaguar. Sinto o ar atingir os meus pulmões, o sangue correr em minhas veias. Sinto a vida.
O viver que às vezes resume-se ao involuntário e mecânico movimento de inspirar e expirar. E que outrora não se resume nem se define. Apenas se manifesta imensurável e inexplicavelmente. 
Viver que só mesmo se percebe quando se sente e não quando se vive. Pois a vida se revela em várias formas e mesmo havendo várias formas de vivê-la só se vive quando se sente. Viver é eterna busca pelas sensações que a vida dá.
Parei. Senti o silencio se esvair.
E continuei.  À procura da sensação.

Pretexto

Desatados, meus pensamentos flutuam tentando se encontrar, em busca de idéias, tentando se materializar em palavras. Pensamentos soltos sem direção.
Eles, confesso, são apenas pretexto para saciar essa minha angústia de escrever.
Não me detenho, caio no vazio de mim mesma e não há  como desviar dessa necessidade de me transpor, de ir além. Fico vazia e de repente encho-me de pensamentos desordenados, desagregados de mim mesma. E uma vontade de transcrever o indescritível me consome, voraz, veemente. Como fome insaciável.
Meus pensamentos, apenas demonstram essa força contida dentro de mim, essa vontade de palavras que toma conta do meu ser, sem que eu possa ao menos explicar.
Meus pensamentos são só pretexto. O que eu quero mesmo é escrever.  Escrever sem pensar. Apenas escrever.

Meus passos

- Passos.
Lentos. Curtos. Mudos. Às vezes vagando, outras seguindo um rumo, à procura de um destino. Passos carregados de sentimentos. Absorto. Vazios. Cansados. Passos pesados,  leves. Querendo sempre me levar a algum lugar. Ou tirar-me deles. Passos alados, flutuantes, pairando pelo tempo. Cadenciado. Passos de pés cansados, ávidos, de desejos múltiplos. Em busca de caminhos. Carregando uma lembrança. Deixando vestígios. Passos de esperança e desejos. Demasiados, impetuosos. Passos, que se multiplicam ou se abreviam em um único passar que apenas segue incessante para não perder o compasso.

Pulsante

Sou feita de matéria impalpável, sonhos e sentimentos indissolúveis, sensações , emoções. Sou matéria ilimitada, sem contornos, imponderável, amorfa. Às vezes amor, outras rancor, melancolia. Impassivel, sensível. Carrego comigo às vezes um pouco de utopia. Quase nunca um pouco de razão. Um tantinho sol, outra metade lua. sou fases, tenho fases. Mudo, transformo. E sempre chego a um mesmo ponto, como num movimento de translação. Sou feita de sorrisos. E lágrimas.  E gargalhadas. Sou arfante. Sou calmaria. Sou tempestade. Sou rio correndo pra desaguar.  Sou gritos. Sou o silêncio. Sou corpo à procura de sensações. Sou medo e sou coragem. Sou orgânica. Sinto o sangue correndo nas veias, às vezes frio, às vezes quente como lava escorrendo no cume de vulcões. Sou explosão e implosão. Matéria inanimada ganhando vida, fremente. Sou força contida, fraqueza inata. Tenho inépcia, inércia. Sou ser, mas nem sempre humano. Sou tudo e nada. E quase sempre reduzo-me a ser coração. Platônico. Estreme.
Pulsante.

O meu DEUS !

Às vezes sinto-me esvaindo, submersa em sentimentos que parecem me desmanchar. Sinto-me fora do eixo, errante. Tudo é vago, mudo. E uma vontade tamanha de desvanecer me consome. Pensamentos intermináveis, subsequentes, pairando sem cessar. Sensação infausta.  
E de repente uma cereteza inexaurível toma o meu ser,  querendo demonstrar que uma força onipotente é  que rege a minha vida.
A aflição me mostra o quanto o meu DEUS é grande ! e eu o posso sentir.
Na dor, na tristeza, na angústia, ELE transforma o que me desagrada em fé. E está sempre me dizendo ' Estou com você.' e como é bom sentir o Deus dentro de nós! E agradecer as suas maravilhas a cada novo dia.
Obrigada  Senhor !
se eu me perder, sei onde me encontrar.

'Sou forte mas também destrutiva'


"Neste mesmo instante estou pedindo ao Deus que me ajude. Estou precisando. Precisando mais do que a força humana. Sou forte mas também destrutiva. O Deus tem que vir a mim já que não tenho ido a Ele. Que o Deus venha, por favor. Mesmo que eu não mereça. Venha. Ou talvez os que menos merecem mais precisem. Sou inquieta e áspera e desesperançada. Embora amor dentro de mim eu tenha. Só que não sei usar amor. Ás vezes me arranha como se fossem farpas. Se tanto amor dentro de mim recebi e no entanto continuo inquieta é porque preciso que o Deus venha. Venha antes que seja tarde demais. Corro perigo como toda pessoa que vive. E a única coisa que me espera é exatamente o inesperado."


Devagar,

porque acredito que é assim que deve ser. Ou aprendi que é assim que se é. Porque devagar se chega com mais calma. Porque não importa a velocidade, mas a veracidade e a voracidade com que você caminha pela vida. Caminhar veemente não significa caminhar acelerado. Até porque o tempo caminha independente da nossa vontade. Ele caminha por si só. E tudo tem o seu tempo. Que não é o nosso tempo!
Comece devagar, siga
v-a-g-a-r-o-s-a-m-e-n-t-e. Observe a paisagem, perceba os detalhes sob o impacto cromático da natureza. Sinta o sabor de viver. Ame. Sorria. Chore. Sofra. O faça devagar. Deguste cada sensação como se fosse única. Última. Talvez a seja. Aprecie as pessoas a sua volta. Aproveite TUDO o que lhe é ofertado. Eu digo TUDO porque se deve saber respeitar até mesmo aquilo que nos desagrada. Aquilo de alguma forma vai te fazer crescer.  E ninguém cresce da noite para o dia. Não tenha pressa de chegar ao fim. Talvez você nem saiba onde  é o fim. E você não sabe. Cultive o que for bom. O bem. E deixe os frutos brotarem lentamente. Comtemple. Não precipite pelo amanhã, viva o hoje. ele é o seu Presente.
A vida é dádiva e célere demais para ser vivida a qualquer modo. Deve ser intensa.  Lenta. Intrínseca.

Calmaria

De repente uma calma me consumiu. Inexplicável. Prolixo.
Uma calma canhestra, advinda não sei de onde. Sentida não sei porque. Eu a sentia como um hiato, como um sentimento incógnito. Não tinha razões para a calma que quedara acanhada em meu coração. Não era calmaria de paz. A paz é uma harmonia ritmada, uma orquestra inaudível que toca aos nossos ouvidos sons de sinos. O que eu sentia era apenas o adverso da inquietude que horas antes meu coração possuia. Era uma reação desconforme do que a razão pré determinara.
De onde brotara confesso desconhecer, mas a sentia com certo contentamento de quem quer desfrutar um pouquinho de sossego. 

Desvanecer

Algo está fora do lugar. Sinto. Meu coração bate em ritmo descompassado. Sentimentos alados me despertencendo. Me reduzindo a um único pulsar. Reduzindo me ao nada. Limitando-me a só o que sinto e não o que sou. Desagregando meu corpo e meu coração. Já não me sinto.  Só pressinto a lassidão. Uma grande extenuação de me ser. De ser o que eu não quero ser, sentir o que eu não quero sentir. Mas é irremissível. Não consigo não fazê-lo. Meus olhos cerrados sentem meu coração esgarçado, contrito. Estupefacto.  
Vou sorvendo essa dor. Degustando-a. Desgastando-me. Desvanecendo.

#fairytale

A vida é feita de escolhas. Fato. Ah ! Minhas escolhas.... às vezes elas me doem em carne viva, como fratura exposta. Às vezes doem mais por eu não saber o que escolher, que por ter escolhido. Quem dera a vida viesse com manual de instruções e um GPS dos caminhos a seguir. Ah, quem dera! Se eu tivesse um grilo falante conselheiro.... ou que fosse uma barata, (eca !) só pra me dizer o que fazer e o que não fazer. Se eu tivesse uma fada madrinha, uma lâmpada mágica, três pedidos. Ah ! Se eu não precisasse fazer escolhas. Se eu só ouvisse o coração. Se eu tivesse a certeza de um final feliz.  Se eu soubesse como seria o final. E o que o tornaria feliz.... Ah ! minhas escolhas, a que mundo encantado vão me levar....... Encantado?!

quem dera a vida fosse um fairytale ! Ah ! Que difícil ser carne osso.

Bosquejos

Costumava fazer rascunhos. Esboços de sentimentos, pensamentos , declarações. Costumava guardar em minutas o que às vezes o pensamento esquecia, mas o coração ainda que vagamente se recordava. Gostava do sabor nostálgico das coisas que senti, que vezes trazia dor, outras boas lembranças. De sentir novamente. Recordar.  E por não querer mais trazer a memória às vezes o que de fato eu queria esquecer os rascunhos foram findando-se. Com o tempo meus esboços inacabados tornaram-se inexistentes. também pelo fato de não querer correr o risco de alguém devorar meus sentimentos, ou me tornar eu ao ler bosquejos de minh'alma. Não queria que ninguém descobrisse o que eu ainda não descobri em mim. O que eu sou. O que eu sinto. Eu gosto do meu mistério de me ser.
Agora, só deixo traços, só  faço rascunhos em meus próprios pensamentos. Às vezes o  vento leva. Às vezes a brisa os trás. E o que não vira descrições de minha imaginação, o que não se materializa em forma de expressão apenas dá lugar a novas idéias. A novos rascunhos acabados e inacabados do que há dentro de mim.   

Ela só queria,


Ela só queria ser feliz. E já que a felicidade não a escolhera, ela escolheu a felicidade. E precisou abandonar. Se abandonar. Tentar outros caminhos e fazer outras escolhas. Não queria mais sofrer, não
 suportava mais chorar. Então, trancou no seu peito tudo o que não lha fazia bem. E trancou tão bem que se esquecera onde ficava os sentimentos que tanto a atormentavam. E tornou-se seca, inexorável. Chamava isso de amadurecer. Achava que amadurecimento era saber optar por não sofrer, por encarar, resistir. Talvez tivesse razão. Porém o coração estava áspero, ríspido. Amadurecer, então, talvez não fosse tão bom quanto parecia. Sofrer era pior. Mas só amadurecera de tanto que sofreu. E o coração secou de tanto que doera. E doeu tantas dores. Doeu tanto. De uma dor sem tamanho que já não suportara mais. Decidiu parar de sofrer. Parar de sentir. E parou, cessou. 
Mas ela ainda sente. E sofre. Porém ela já não chora. Guardou seu pranto. E tenta não sentir o que está sentindo. Devora a dor em silêncio. Tenta desbaratar o sofrimento. E tornar a achar o caminho que escolheu. 
Ela só queria ser feliz. E ela tenta. Está arriscando. Ousando sentir só aquilo que lhe faz bem. Mesmo errando. Porque ela ainda erra. E seguirá errando. Ela sabe que errar faz parte, que só com o erro que se aprende. Ou é  também no erro que se aprende. Mas só no erro que se erra tentando acertar. Ela está tentando. No fundo ela só queria ser feliz.

Prece.


"Eu peço a Deus tudo o que eu quero e preciso. É o que me cabe. Ser ou não ser atendida - isso não cabe a mim, isso já é matéria-mágica que se me dá ou se retrai. Obstinada, eu rezo. Eu não tenho o poder. Tenho a prece."       
                                                      (C.L

A música da preguiça, Bruno Mars


"Hoje eu não estou com vontade de fazer nada
Só quero ficar deitado na cama
Não quero atender o telefone
Então deixe o recado na secretária eletrônica
Pois juro que hoje eu não quero fazer nada
(Absolutamente nada) 

Esperança




"Mas se através de tudo corre a esperança, então a coisa é atingida. No entanto a esperança não é para amanhã. A esperança é este instante. Precisa-se dar outro nome a certo tipo de esperança porque esta palavra significa sobretudo espera. A esperança é já. Deve haver uma palavra que signifique o que quero dizer."

Clarice Lispector 

De mim.

Tão pouca inspiração pra tamanha vontade de escrever. Tão poucas palavras para tamanha vontade de me expressar. Vontade de explicar o inexplicável que há em mim. É como querer gritar e a voz não sair. É uma necessidade que me ultrapassa. Não consigo explicar. É isso que me consome. O não saber dizer e querer falar.
Não sei o que sinto. É por isso! Por isso não sei como manifestar, não sei o quê manifestar. Estou perdido dentro de mim, procurando encontrar um caminho. É por isso que eu escrevo. Pra me encontrar. Ou tentar me encontrar. Quem sabe avistar uma luz. Ou talvez perder-me ainda mais, e esquecer quem eu sou. Ou quem eu fui, Ou então não esquecer. É. Não quero me esquecer. Quero me ser. E serei. Ponto. Não quero fugir de mim. Quero fugir do que não é de mim. Quero me livrar do que não me pertence. E me pertencer. Inteira. Profunda. De mim.
"..estou procurando, estou procurando. Estou tentando me entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. "C.L


Salmo 36


5 O teu amor, Senhor, chega até os céus; a tua fidelidade até as nuvens.
6A tua justiça é firme como as altas montanhas; as tuas decisões insondáveis como o grande mar. Tu, Senhor, preservas tanto os homens quanto os animais.
7Como é precioso o teu amor, ó Deus! Os homens encontram refúgio à sombra das tuas asas.

Preciso de Ti, Senhor !

Eu sinto, pressinto, a necessidade de Ti é tamanha em meu ser, já não cabe em meu coração. Preciso Te sentir, me preencher, me renovar em Tua presença. Preciso esvaziar-me de tudo que não vem de Ti nem para Ti, e encher-me com todo o Teu amor e benignidade. Ah, como eu preciso de Ti. E sinto como um grito sufocado querendo saltar de minha garganta, querendo falar o meu coração, ansiando a Tua presença. Preciso fugir, me encontrar com Deus. Contar à Ele todos os meus segredos, os meus medos. Eu sei que Ele sabe, ele tudo sabe, eu só queria conversar com DEUS.
Eu sei que meus passos são guiados, meus caminhos apontados, mas meu coração às vezes sente-se distante... Preciso estar perto.Quero estar perto ! 
Há um nó em minha garganta e uma vontade infinita de dizer Eu preciso de Ti, senhor ! 
Eu sei que TUDO o que eu preciso é de Ti.
- Então apenas oro, eu sei que Tu podes me ouvir. Quero apenas agora sentir. 

(meu silêncio

O inacabado que há em mim. ( Pe. Fábio de Melo


Eu me experimento inacabado. Da obra, o rascunho. Do gesto, o que não termina. 


Sou como o rio em processo de vir a ser. A confluência de outras águas e o encontro com filhos de outras nascentes o tornam outro. O rio é a mistura de pequenos encontros. Eu sou feito de águas, muitas águas. Também recebo afluentes e com eles me transformo,
O que sai de mim cada vez que amo? O que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha, mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim? Eu me transformo em outros? Eu vivo para saber. O que do outro recebo leva tempo para ser decifrado. O que sei é que a vida me afeta com seu poder de vivência. Empurra-me para reações inusitadas, tão cheias de sentidos ocultos. Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos. 
Por vezes o cansaço me faz querer parar. Sensação de que já vivi mais do que meu coração suporta. Os encontros são muitos; as pessoas também. As chegadas e partidas se misturam e confundem o coração. É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos, previsíveis.



Mas quando me enxergo na perspectiva de selar o passaporte e cancelar as saídas, eis que me aproximo de uma tristeza infértil. 
Melhor mesmo é continuar na esperança confluências futuras. Viver para sorver os novos rios que virão. Eu sou inacabado. Preciso continuar.



Se a mim for concedido o direito de pausas repositoras, então já anuncio que eu continuo na vida. A trama de minha criatividade depende deste contraste, deste inacabado que há em mim. Um dia sou multidão; no outro sou solidão. Não quero ser multidão todo dia. Num dia experimento o frescor da amizade; no outro a febre que me faz querer ser só. Eu sou assim. Sem culpas.

É melhor.

É melhor arriscar-se que se arrepender, lutar que desistir, sonhar que se desiludir,
é melhor perder que não tentar, sorrir do que chorar, ouvir que falar, sofrer que não amar.
É melhor calar que ofender, esquecer que se magoar, não ter do que não ser
é melhor elogiar que criticar,  não ter que não procurar,
É melhor surpreender que se decepcionar, VIVER a não realizar.







É melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe, É assim como a luz no coração."

Tenha calma, limpo a alma e aprendo a viver ♪

Não vou cultivar tristeza , Ficar sofrendo é besteira [...]
Tudo têm a sua hora
Estou de bem com o meu viver
VIVER !
Não me importa o que aconteça, não me importa se não deu certo. Não me importa. Não quero saber de arrependimento, não quero saber de sofrimento. Me preocupo com o que eu penso. E o que pensam não me importa.  Quero viver. E eu vivo. Estou vivendo. Há dentro de mim uma vontade e uma força que me inspira a viver. Vivo o egocêntrico e o egoísta que há em mim. Busco a minha felicidade. Busco o EU que está dentro de mim. E eu sei que ele está. 

Continuo em busca do meu equilíbrio.... 


"Pois também eu solto as minhas amarras: mato o que me perturba e o bom e o ruim me perturbam, e vou definitivamente ao encontro de  um mundo que está dentro de mim, eu que 
escrevo  para   me  livrar  da  carga 
difícil de uma pessoa ser ela mesma. " C.L


E agora, neste momento estou muito ocupada, estou vivendo. Estou eu e o meu EU confabulando sobre a minha felicidade. Eu sei que ela já existe. Preciso cultivá-la.
A partir de hoje tenho sempre um encontro marcado comigo mesma. Como dizem por aí, "Fui ser feliz e já volto !"







Há salvação ?

Não gosto do trágico, do triste, do sensacionalismo, mas diante do bombardeamento de notícias a que somos submetidos todos os dias fica difícil não parar para pensar e expor opiniões sobre as fatalidades da humanidade. Talvez eu não queira ver essa realidade tão vil, talvez eu não queira esse mundo para mim.
Há algo de errado, algo fora do lugar. O que fizeram com Deus ?! Onde colocaram o amor, a união, a paz, ainda existem sentimentos?! Até que ponto os seres humanos podem confiar nos outros seres humanos?
Falta de consciência, falta de equilíbrio, ou falta de  Deus? O que eu sei é que se falta muito. Muito de tudo!
O mundo está se perdendo, prefiro assim dizer. Não quero dizer que o mundo está perdido, é triste de mais pensar que já não há salvação. Acredito na esperança. Acredito nas pessoas. Numas poucas pessoas que acredito que ainda existem, podem existir. Pessoas que semeiem o bem, o que é bom, o que é Divino .
Acredito numa minoria capaz de amar, capaz de ser Deus. Ser Deus no amor, na compaixão, não no poder, isso  não ! Ser Deus no ter Deus. Habitar e ser habitado pelo Divino.
Se falta tudo aos homens, falta apenas Deus, o nosso TUDO !

SALMO 1
Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!

Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.
É como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera!
Não é o caso dos ímpios! São como palha que o vento leva.
Por isso os ímpios não resistirão no julgamento, nem os pecadores na comunidade dos justos.
Pois o Senhor aprova o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios leva à destruição!

O Movimento da Vida.

" Eu não sei se a vida é que vai rápida demais ou se sou eu que estou mais lento. O que sei é que ando me atropelando nos próprios passos.
Eu resolvi desacelerar. Eu vou no rítmo que posso.
Não é fácil. É sabedoria que requer aprendizado! Eu quero aprender.
O descompasso é a causa de todo cansaço. O corpo é rápido, mas o coração não. O corpo anda no compasso da agenda. O coração anda é no compasso do amor miúdo. O corpo sobrevive de andares largos. O coração sobrevive de pequenos passos e de demoras. Eu já fui e voltei a inúmeros lugares e o coração nem saiu do lugar.
O mistério é saber reconciliar as partes. Conciliar um ritmo que seja bom para os dois.
Eu quero aprender. Não quero o martírio antes da hora. Quero é o direito de saborear o tempo como se fosse um menino que perdeu a pressa.  [...] "

Intimidade


"Que seja assim! Tardes que caem para que nasçam as noites. Acordes que terminam para que a pausa prepare o som que virá. A vida e seu movimento tão cheio de sabedoria. Que seja assim! Que seja sempre assim! Esquinas que dobramos com o desejo de alcançar outras esquinas. Depois da chuva, o frescor. Tudo prepara uma forma de depois, como se o agora fosse uma passagem constante que nos conduz com seu cordão invisível. Eu vou. Vou sempre. Não sei não ir. Minha curiosidade me move para dentro de mim. Sou um desconhecido interessante. A cada dia uma nova notícia me entrego. Eu me dou em partes, como se devolvesse o que já sou, Àquele que me deu totalmente. Vivo pra desvendar. Esquinas; tardes caídas; manhãs que se levantam com o sol. Ando amando mais. Meus amigos são tantos; meus limites também. [...] mais feliz. Eu sou sem medo de errar. Eu desejo a sacralidade de cada dia. Deitar no chão da existência é tão necessário. Eu me levanto mais devolvido, porque há muitas partes de mim esparramadas, caídas pelas esquinas da vida. Recolher-me é obra que faço por Deus. Estou em reformas. Deus o sabe. Ele é que tirou a primeira pedra. Tirou. Não atirou. Deus não sabe atirar. Prefere tirar. Eu deixo. Sou Dele. Quero ser sempre mais. Em partes, pra ser todo. Ele me devolve a cada dia. Eu também. Lição de casa que faço com gosto.
Vez ou outra Ele me olha nos olhos e me dita poemas. Fico tão encantado que até esqueço as palavras. Ele manda eu prestar atenção. Digo que não sei. Ele ri de mim. "Poetas são todos iguais" - conclui enquanto mexe no meu cabelo. Eu o vejo de perto, bem de perto. Por vezes sinto o desejo de lhe pedir o impossível, mas aí me falta coragem. Aí peço que me dê só o necessário. Ele me surpreende com medidas que não mereço. Fico mudo, sem saber dizer. Ele me socorre com seu sorriso. E de súbito, as palavras voltam a fazer parte de mim."