Ela só queria ser feliz. E já que a felicidade não a escolhera, ela escolheu a felicidade. E precisou abandonar. Se abandonar. Tentar outros caminhos e fazer outras escolhas. Não queria mais sofrer, não
suportava mais chorar. Então, trancou no seu peito tudo o que não lha fazia bem. E trancou tão bem que se esquecera onde ficava os sentimentos que tanto a atormentavam. E tornou-se seca, inexorável. Chamava isso de amadurecer. Achava que amadurecimento era saber optar por não sofrer, por encarar, resistir. Talvez tivesse razão. Porém o coração estava áspero, ríspido. Amadurecer, então, talvez não fosse tão bom quanto parecia. Sofrer era pior. Mas só amadurecera de tanto que sofreu. E o coração secou de tanto que doera. E doeu tantas dores. Doeu tanto. De uma dor sem tamanho que já não suportara mais. Decidiu parar de sofrer. Parar de sentir. E parou, cessou.
Mas ela ainda sente. E sofre. Porém ela já não chora. Guardou seu pranto. E tenta não sentir o que está sentindo. Devora a dor em silêncio. Tenta desbaratar o sofrimento. E tornar a achar o caminho que escolheu.
Ela só queria ser feliz. E ela tenta. Está arriscando. Ousando sentir só aquilo que lhe faz bem. Mesmo errando. Porque ela ainda erra. E seguirá errando. Ela sabe que errar faz parte, que só com o erro que se aprende. Ou é também no erro que se aprende. Mas só no erro que se erra tentando acertar. Ela está tentando. No fundo ela só queria ser feliz.
Muito bom, Monalisa Clarice Macedo Lispector. rs
ResponderExcluir(Criei uma nova identidade pra vc.)
rsrsrsrsrs
ResponderExcluirQuanto nome nessa nova identidade, rsrs
muito nome pra pouco talento e pouca pessoa, rsrs
olha só meu tamanhinho hehe